A noite havia chegado depressa, naquela pequena vila da Europa; era véspera de Natal; soprava um vento gelado e havia neve no chão.
Aquele pobre vendedor de feira tinha passado o dia inteiro vendendo uns poucos, simples brinquedos de madeira e pano.
Graças a Deus, havia vendido quase todos.
Na verdade, só tinha sobrado uma linda boneca, que ele havia pensado em vender por um bom dinheiro.
Mas a rua já estava deserta, poucas pessoas passavam apressadas, sem prestar atenção aos seus chamados.
É a ultima ! dizia ele já desconsolado – a última boneca ! Ninguém quer levá-la ?
Como ninguém parava, ele começou a desmontar a barraca.
O frio era intenso, dava vontade de correr para dentro de casa, ficar junto da lareira.....
Só então, ele percebeu a figurinha magra de uma menina – teria uns seis anos, tremia de frio , mas estava quieta, calada, parada, olhando fixamente a boneca.
Vá para casa, menina ! - disse-lhe o vendedor. Vá para casa, aquecer-se um pouco !
A menina não respondia. No rosto magro, só se viam os olhos fixos, enormes; ela não escutava nada.
O vendedor ainda perguntou: - Onde está a sua mãe ?
- Ela morreu, disse a garota num fio de voz. Não tenho mais ninguém !
O vendedor era pobre, muito pobre; mas o brilho dos olhos enormes daquela menina o cativou; e . de repente, levado por uma força estranha, estendeu a boneca para a garota.
Ela a pegou, a abraçou, murmurou um: - obrigada !! - e se foi.
Naquele mesmo instante, uma estrela de um brilho excepcional se desprendeu; acendeu-se mais intensamente, atravessou o veludo escuro do céu – e se perdeu, enfim, no horizonte distante.
O vendedor acompanhou admirado o seu trajeto..
E soube, do fundo do seu coração, que esse sinal era o agradecimento de uma mãe.
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