De quem você tem mais medo?

De quem você tem mais medo?

Enquanto no Twitter discutindo beleza, bigodes e topetes, me ocorreu que a maioria das pessoas tem medo das coisas erradas.

Tantas e tantas pessoas têm medo de baratas, maribondos, ratos, escorpiões, formigas, morcegos, minhocas, sapos, etc, por motivos que vão além do mal que esses bichos podem causar à saúde. É um medo físico, plástico. Medo da forma, não medo da essência.
Um escorpião brasileiro dificilmente vai causar algo além de dor tópica, a não ser em pessoas realmente alérgicas.
Ratos podem matar transmitindo doenças, mas o público em geral tem medo do rato, não dos parasitas que ele carrega.
Fora que qualquer três passos que você der serão suficientes para deixar a maioria desses animais totalmente fora de alcance.
E, sempre lembrando, evite comer coisas roídas por ratos.

Seria mais lógico ter medo de cavalos, golfinhos, são bernardos, vacas, uma ninhada de gatos, gansos[1] e outros mamíferos mais ágeis, mais fortes e melhores adaptados ao meio que nós, pobres humanos.
E de dirigir, que, pela quantidade de carros nas ruas, eu suponho ninguém tem medo.

Da mesma forma, o normal é ter medo de um valentão; ter receio de aborrecer um cara bombado mais alto que você e com bíceps forjados à máquina e esteróides sintéticos.
Mas, pelo que percebo, ninguém teme aquele rapaz frágil e mirrado que gosta de gastar o tempo livre que tem praticando “levantamente de livro” e exercitando o “músculo” cerebral.
Novamente um medo da forma, não do conteúdo.

O máximo que um brutamontes pode fazer é quebrar a sua cara dum bofete antes que a polícia chegue. A única força que ele possui é física. E o seu crânio, caro leitor, é bem mais duro que os nós dos dedos dele.
A manha é baixar um pouco a cabeça quando vir o punho se aproximando para que ele atinja a parte mais dura do corpo humano: a testa.[2]

Um nerd mais familiarizado com computadores do que com raios solares e ar fresco pode acabar com a sua vida inteira em cinco minutos e não há coisa alguma que você possa fazer para impedir que ele roube sua conta de email e, na sequência, sua conta de banco online, suas senhas de cartão, seu X e seu Y, onde X e Y são coisas mais importantes na sua vida do que você realmente dá crédito, como Orkut e Twitter.
E não tem testa que resolva.[3]

Então, antes de tirar onda dum sujeitinho semi-deformado por acne em prol de outro cuja camisa mal cabe tamanho são seus músculos, forme uma aliança com quem tiver maior familiaridade com multissílabos.
Depois de uma semana de compressas de gelo e analgésicos, você terá um amigo para o resto da vida com quem poderá compartilhar suas histórias de coulrofobia enquanto se divertem jogando o último lançamento do mundo videoguêimico.

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[1] – Eu sei que ganso não é mamífero, mas não sabia como escrever a frase de outro jeito.
[2] – Eu já testei, funciona. Desde que você corra enquanto o cara está entretido com seus ossos saindo pela pele dos dedos.
[3] – Instale um firewall e um antivírus bom e atualize os dois sempre. Proteja sua vida internética.